Sindilav

Mai/Jun - 2004 - nº 120

"O Brasil não precisa de reforma sindical mas de correções no modelo atual"

Abram Szajman foi reeleito Presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) com 95,65% dos votos e cumprirá mandato de seis anos: de junho de 2004 a junho de 2010. Nesta entrevista exclusiva para o Sindilav Notícias, ele fala sobre taxa de juros, reforma sindical, setor de serviços e novos projetos.

Qual a realização mais significativa ou importante de sua última gestão?
Sem dúvida foi a construção da nova sede da Federação do Comércio, que vamos inaugurar no próximo dia 28 de junho, em solenidade que coincidirá com a posse da Diretoria eleita
em abril último. É uma obra importante em múltiplos sentidos. Representa um sonho antigo de muitos companheiros, o de construir um prédio próprio que pudesse, além de abrigar a Diretoria da entidade e sua assessoria, dispor de espaço para convenções e feiras do setor comercial e de serviços. Foi também uma forma de participarmos do esforço de recuperação e vitalização das regiões centrais da cidade de São Paulo, como é o caso do bairro da Bela Vista.

Quais são as principais metas da Fecomercio a curto e médio prazos?
No curto prazo temos reivindicado uma redução mais acelerada da taxa de juros, pois no patamar em que está ela inviabiliza a recuperação das vendas do comércio varejista. A médio prazo esperamos resultados da Frente Parlamentar de Apoio à Micro e Pequena Empresa, formada no âmbito da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Vamos trabalhar pelo projeto que apresentamos no dia da formação da Frente, de criação do Poupa Tempo do Micro e Pequeno Empresário, para reduzir drasticamente a burocracia e o tempo que se gasta para abrir ou fechar uma empresa.

Como a Fecomercio atua no setor de serviços?
Defendemos de maneira igualitária os segmentos de comércio e de serviços. Nós nos opusemos, recentemente, a um brutal aumento de carga tributária em relação à Cofins, de 3% para 7,6%, mais perverso justamente para as empresas que empregam mais, aquelas em que a mão-de-obra sobressai em relação à máquina, como as empresas de serviços. Conseguimos que esse aumento fosse menor para alguns segmentos da área de serviços. A Fecomercio tem ainda um Conselho de Serviços, que debate os temas de interesse do setor.

Qual sua opinião sobre a reforma sindical e sua repercussão prática junto aos sindicatos?
Em nossa opinião, o Brasil não precisa de uma reforma sindical nos termos em que está sendo proposta e debatida. Precisamos é de correções no modelo atual, com a definição de mecanismos para aferir a representatividade das entidades sindicais, a partir de critérios condizentes com a nossa realidade. Nosso modelo de sindicalismo é peculiar se comparado ao de outros países, porque temos uma representação patronal nos mesmos moldes da representação de empregados. Por isso, a importação de modelos é temerária, sobretudo no âmbito da negociação salarial. Somos um País com enormes diferenças regionais, o que pode transformar a negociação de âmbito nacional em uma camisa de força. Quanto à repercussão junto aos sindicatos, estamos pleiteando a criação de mecanismos de controle da arrecadação das contribuições das entidades patronais, a exemplo do desconto em folha das contribuições dos empregados. Uma idéia é a inserção dos valores pagos pelas empresas na Relação Anual das Informações Sociais (RAIS).

O sr. acredita que o governo federal está conduzindo corretamente a economia do país?
Creio que há um excesso de conservadorismo do Banco Central em relação à taxa de juros. Altas taxas de juro desestimulam o consumo via crediário, o que faz as vendas caírem. Empresários que buscam capital de giro para financiar seus negócios acabam não suportando o custo do dinheiro. Juros altos afetam mais as pequenas empresas, que são justamente as que empregam mais. Os juros e a política de arrocho fiscal imposta pelo FMI provocam recessão e desemprego, e por isso devem ser revistas. O governo, entretanto, tem tido êxitos importantes como o controle da infla