Sindilav

Set/Out - 2005 - nº 128

Na contra-mão

Editorial

Neste país, as questões estratégicas nem sempre revelam
um cenário confortável. Por ocasião do denominado "apagão",
algumas empresas de lavanderia tiveram que trocar seus equipamentos elétricos
por similares que utilizassem gás, até que a questão da
geração de eletricidade fosse regularizada, com a construção
de novas hidrelétricas. Ao que se tem notícia, no entanto, entraves
burocráticos e ambientais não deixaram que se construísse
nenhuma nova hidrelétrica.

Nesse contexto, as lavanderias trocaram equipamentos que utilizavam eletricidade
por outros que utilizavam gás, que muitas vezes eram entregues nas lavanderias
em grandes botijões industriais. Na continuidade da utilização,
muitas empresas foram convencidas a substituir o GLP pelo gás natural.
E tudo seguiu perfeitamente.

Agora, com a crise política da Bolívia, que representa um risco
potencial ao abastecimento de gás ao Brasil, acrescido do esperado aumento
do consumo em 2006, devido às boas condições da economia,
que deveria ser coberto pela geração das termelétricas,
que dependem de gás para operar, o cenário não parece
tão animador.

Em 15 de setembro último, a Ministra da Casa Civil Dilma Roussef intermediou
uma reunião, em Brasília, que tratou do preço e do abastecimento
do gás no Brasil. A preocupação é que uma alta no
preço do produto vai elevar os custos de produção da indústria
e dos serviços, lavanderias inclusive. A Ministra acha que a elevação
é inevitável, mas quer que os patamares sejam elevados de forma
gradual.

Curiosamente, há alguns anos o Governo incentivou as padarias a substituir
seus fornos a lenha por fornos a eletricidade, por motivos ambientais e de higiene.
Depois, como todos sabem, veio o "apagão".

Parece que, realmente, estamos em uma situação semelhante àquela
já vivida pelas padarias.

Estamos na contra-mão.

José Carlos Larocca
Presidente