Sindilav

Set/Out - 2010 - nº 158

Equipamentos nacionais x equipamentos importados

Uma interessante discussão sobre equipamentos importados versus equipamentos nacionais aconteceu, neste mês, no Grupo LUA, que é uma espécie de fórum virtual onde os empresários de lavanderia discutem seus problemas e esclarecem suas dúvidas.

A questão principal colocada pelo mediador do grupo, Carlos Maciel, foi a seguinte: o que pensam os empresários de lavanderia sobre a credibilidade que se pode depositar nas várias marcas que estão vindo para o Brasil e a qualidade da manutenção dispensada a essas máquinas?

Para Paulo Cesar Dantas Fernandes, da Splash Lavanderia, de Natal, Rio Grande do Norte, o Brasil tem deficiência na assistência técnica para máquinas importadas e nacionais, faltam peças para equipamentos importados e, quando existem, são caras por causa dos impostos, margem de lucro etc. Outro aspecto analisado por ele é que as nossas empresas nacionais enfrentam inúmeras dificuldades em produzir. Além disso, os mercados são diferentes, sendo que a demanda do Sul e Sudeste do Brasil é diferente da demanda do Nordeste e Norte. “Essa desigualdade quase sempre tem sido ignorada pelos fabricantes”, diz ele. “Permanecerá no mercado quem tiver a melhor rede de assistência técnica”. E completa: “Nós, empresários de lavanderia, temos consciência disso e somente faremos investimentos com quem for melhor”.

O empresário José Orlando, da Múltipla Lavanderia, de Belo Horizonte, Minas Gerais, dando sua opinião, afirmou que “a ANEL e os Sindicatos de Lavanderia deveriam ter um certificado para todas as máquinas fabricadas no Brasil e no exterior, comprovando que possuem técnicos competentes para manutenção e, em outra fase, proporcionar treinamentos específicos para técnicos nas diversas regiões do Brasil”. ”Assim” – diz ele – “quando os associados quiserem comprar um equipamento, primeiramente deveriam se direcionar a estas entidades de classe para conhecer a idoneidade dos fabricantes, inclusive no pós-venda”.

Já Márcio Bianconcini, gerente da Lavine Lavanderia Industrial, de Bauru, São Paulo, acredita que primeiramente se deve priorizar o mercado interno, adquirindo máquinas nacionais – de ótima qualidade, segundo ele. Disse ter tido inclusive a oportunidade de ver na última Equipotel de setembro pelo menos três novos fabricantes brasileiros com preços atrativos. “Já trabalhei com máquinas importadas. Quando novas são uma maravilha, mas, depois de alguns anos, a situação se complica. Tenho máquinas nacionais de 1995, que até hoje são ótimas, não quebram, a manutenção é mínima”. E ele conclui: “Não sou contra as máquinas importadas, só acho que, já que os estrangeiros querem vender por aqui, poderiam trazer uma filial para o Brasil, usando tecnologia estrangeira com mão de obra e peças nacionais”.

Mas, quais máquinas trazem o melhor resultado operacional, indaga Adhaury Silva, Diretor Geral do Distribuidor Electrolux. E ele responde: “Se a resposta for os importados, o que dizer aos empresários que passaram ou passam por dificuldades com peças de reposição?” A fábrica que ele representa disponibiliza treinamento constante para o nosso país. “Mas como exigir maior comprometimento de nossa marca se não temos compradores suficientes, ou seja, se ainda não temos máquinas para consertar?” pergunta Adhaury. Otimista, ele acredita que a situação vai melhorar.

Marcos Bellotti, Diretor da Techbell, técnico especializado em máquinas importadas como Milnor, Jensen, Chicago, Cissell e outras, ao dar sua contribuição nesta discussão, afirmou que trabalhando quase que exclusivamente com equipamentos importados, percebeu, nos últimos 13 anos, que os produtos nacionais possuem (ou possuíam) pouca ou nenhuma tecnologia agregada, o que lhes conferiam maior facilidade de manutenção, porém, em muitos casos, menor rendimento, durabilidade e confiabilidade. No caso dos equipamentos importados, há maior dificuldade na manutenção corretiva, tanto na mão de obra como na obtenção das peças. Entretanto, desde que os itens básicos de manutenção preventiva recomendados pelo fabricante sejam atendidos (lubrificação, limpeza, ajustes periódicos etc.) o empresário de lavanderia terá sua máquina funcionando por muitos e muitos anos satisfatoriamente, economizando água, insumos, energia, tempo e com qualidade e segurança.

Juliano Pinto, empresário, considera que a evolução das máquinas nacionais de lavanderia está nas mãos dos fabricantes e, em parte, nas mãos dos empresários de lavanderia. “Alguns dos fabricantes deveriam deixar de insistir no foco errado e os empresários de lavanderia deveriam deixar de fazer a pergunta: “quanto custa?” Ele disse que visitou a última Equipotel e viu estandes de fabricantes nacionais vendendo secador de 30kg como sendo secador de 50kg; outros expositores visivelmente mostrando equipamentos que ficaram prontos apenas para a feira (com grotescos erros de projeto e construção); fora aqueles que pegaram um “fusca e adaptaram injeção eletrônica”, argumentando significativa evolução no equipamento…

De acordo com Juliano Pinto, o grande erro é pensar o imediatismo do custo. Ao invés da pergunta: ‘Quanto custa?’, a indagação deveria ser: ‘Qual o lucro que essa máquina vai me dar?’. “Não interessa quanto custa, interessa em quanto tempo ela vai se pagar e quanto ela vai lucrar ao longo da vida útil”, sentencia.

A discussão está aberta. Os empresários de lavanderia devem avaliar a real situação de suas empresas, consultar fabricantes, ouvir a opinião de compradores e fazer suas opções.