Sindilav

Mar/Abr - 2023 nº 233

Reflexões: a revolução digital é um desafio enorme

As ferramentas digitais vieram para substituir o trabalho intelectual?

Neste mês a FecomercioSP promoveu um evento sobre o futuro do trabalho, cujo tema foi “O Trabalho do Presente e do Futuro – Capacitação em Tecnologias Digitais”, realizado em parceria com o Conselho de Economia Digital e Inovação (CEDI).

“A qualificação profissional é apontada pelos especialistas do evento como a melhor forma de lidar com essa profunda transformação”, comenta Andriei Gutierrez, presidente do CEDI. A revolução digital é rápida, e o desafio é entender isso em pouco tempo. Por isso, segundo ele, “o conhecimento é hoje, no século 21, o que foi a siderurgia para a Revolução Industrial; é a base, o pilar fundamental”.

“No passado, a tecnologia entrava para substituir o trabalho repetitivo e rotineiro. Entretanto, na atualidade, as ferramentas visam substituir o trabalho intelectual. Agora, somente o tempo vai dizer se as tecnologias vão mais destruir do que gerar empregos”, alerta o convidado José Pastore, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho (CERT).

E O QUE TEM SIDO FEITO PELO ENSINO PROFISSIONALIZANTE?

A transformação digital das empresas deve ir muito além da tecnologia, com foco na constante capacitação profissional.

As empresas acreditam que basta ter tecnologia para ter sucesso, mas a tecnologia é só 20% da equação para o sucesso dos negócios. A tecnologia não é mágica, mas um meio.

“A desmaterialização dos negócios, ou seja, a digitalização, depende de pessoas”, diz Silvia Bassi, publisher da The Shift, no painel “Desafios e melhores práticas do setor privado: novas competências digitais no mundo profissional”. Ela ressalta que, se em 2016, a estimativa de projetos que falhariam na transformação digital era de 84%, segundo dados da Boston Consulting Group (BCG), a média não melhorou, seguindo elevada atualmente: 87,5%.

“Precisa haver um esforço junto com o Estado de forma que possa ser oferecido ensino profissionalizante em tempo integral nas áreas específicas de desenvolvimento das tecnologias”, comenta sobre o assunto o senador Marcos Pontes, também participante do evento.

“A capacitação digital requer um olhar consciente e inovador frente aos desafios tanto de empregados quanto de empregadores”, afirma Ivo Dall’Acqua Júnior, vice-presidente da FecomercioSP.

A garantia dessa capacitação em tecnologias digitais deixou de ser um diferencial e se tornou o real posicionamento da empresa no mercado e no mundo. Este assunto é amplamente discutido e exibido nos informativos Sindilav. Entrevistas de colegas associados, como desta edição e das edições passadas, comprovam que operar no mundo digital e o entendimento total pelos empregadores de lavanderia só desenvolvem o mercado e resultam em retorno financeiro.

O mundo passa por ciclos econômicos e tecnológicos e, atualmente, vivemos em um desses processos mundiais de transformação, sendo assim, como conseguir antecipar os movimentos?

Esse caminho, para Sérgio Sgobbi, diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Brasscom, depende da reflexão de dois estágios que vão culminar na estratégia a ser usada para a transformação digital. “Devemos perguntar onde estamos e quais habilidades e competências devemos adotar para atingir esse objetivo. Isso sem esquecer de pensar em quanto tempo vamos precisar para essas mudanças.” Sobre políticas públicas em andamento, lembra da aprovação no ano passado e sanção no atual governo do Plano Nacional de Educação Digital. “Essa ainda é uma carta de princípios e as instituições empresariais e as empresas têm que olhar para isso se querem trabalhadores aptos para desempenhar as funções e não só executores de funções”, alerta ele.

Fonte: Fecomercio