Sua empresa segue a tradição “de pai para filho”?
Em 1950 meu pai comprou a Lavanderia da Paz, que pertencia a um grupo de quatro hotéis, um dos quais de sua propriedade. Em 1970 mudamos de local, construindo uma sede com 2.000m2 no bairro de Vila Maria, em São Paulo, onde está até hoje, processando roupas de indústrias, restaurantes, clubes e hotéis. Mais recentemente, em 1994, montamos no mesmo bairro a Sol Lavagem Técnica, especializada em roupa hospitalar, que é dirigida pelo meu filho, Alexandre Miguez Amil.
A Lavanderia da Paz foi pioneira em tratamento de efluentes líquidos no setor?
Somos um dos pioneiros. Antes das exigências legais, já fazíamos algum tratamento para economizar água, por ser um insumo raro e precioso. Quando nossa estação foi concluída ganhamos um diploma de Amigos do Tietê, do governo do Estado, juntamente com outras empresas de outros ramos, que também colaboraram com o programa de despoluição do rio que corta São Paulo.
Como é o seu sistema de tratamento de água?
Nosso sistema de tratamento é subterrâneo com decantação das águas usadas no processo industrial e posterior flotação, o que nos permite reusar essa água limpa para lavar toalhas de limpeza de pisos e de máquinas operatrizes. Reutilizamos 50% do líquido. Aproveitamos também água de chuva.
O segmento de lavanderia industrial está evoluindo
no Brasil?
Com exceção de algumas poucas lavanderias industriais bem montadas, as empresas brasileiras utilizam equipamentos que têm uma defasagem tecnológica de 40 anos em relação a países mais desenvolvidos. Em conseqüência, os processos também não acompanham o que existe de mais atual.
Quais as principais diferenças entre as nossas lavanderias e as lavanderias dos países mais avançados que o sr. conheceu?
No segmento industrial as diferenças são palpáveis. Nos países avançados as máquinas são modernas e produtivas, o nível de profissionalização é alto e a concorrência entre as empresas se baseia na qualidade, racionalização, produtividade e corte nos lucros. No Brasil, com algumas exceções, a concorrência é feita através da sonegação de impostos, desrespeito ao piso salarial da categoria e emprego de mão-de-obra informal. As lavanderias que respeitam os ditames legais estão sofrendo muito, estão se descapitalizando.
O que seria necessário para que as lavanderias brasileiras tivessem melhor desempenho e lucratividade?
Para um melhor desempenho e conseqüente lucratividade, resumidamente teríamos que ter financiamento de equipamentos
e acessórios a taxas de juros decentes, menor carga do INSS e padronização do ISS. Com relação a produtos químicos, estamos razoavelmente supridos, mas os preços dos formulados estão injustificadamente altos. Quanto aos insumos, como os derivados de petróleo, cujos preços são atrelados ao dólar, não há o que fazer. O mercado brasileiro ainda é grande para quem tiver coragem e muito capital próprio para aplicar.
O sr. espera que o novo governo desenvolva alguma política para ajudar as empresas?
Como nosso setor tem pouca representatividade, não espero nada de nenhum governo, seja federal, estadual ou municipal.
A pouca representatividade é conseqüência do desinteresse dos empresários do setor. O Sindilav, que abrange só São Paulo, deveria ter pelo menos 2.000 associados. Imagine a projeção desse número para o Brasil inteiro.
O sr. tem ajudado muito o setor de lavanderias, por intermédio das entidades de classe, divulgando os seus conheci