Sindilav

Jul/Ago - 2011 - nº 163

Editorial – O perigo do aquecimento no mercado de trabalho

O Brasil tem apresentado, nos últimos anos, baixos índices de desemprego. O mais recente dado divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego é de que, em junho, o índice foi de 6,2%, o menor registrado desde o ano de 2002.

O incremento no mercado de trabalho traz alegria para os trabalhadores, porém apresenta dificuldades na contratação para as empresas, e uma grande preocupação para os economistas, pois acendem a luz vermelha da inflação.

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), apresentados recentemente pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, o salário médio de admissão teve aumento real de 3,04%.

No entanto, o crescimento da economia no último ano, atingindo a casa de 7%, não foi compensado pela entrada no mercado de trabalho de igual força produtiva, gerando uma defasagem, com baixa oferta de mão de obra. Assim, para fixar a força de trabalho, os empresários estão reajustando os salários e repassando esse aumento para o custo dos produtos e serviços, o que resulta em uma inflação mais alta.

O setor de lavanderias, por ser da área de serviços e com forte demanda por mão de obra, está sentindo esse problema e tendo que repassar essa conta para o cliente, pois vem operando com baixo índice de lucratividade há muito tempo.
Outro dado preocupante é a frequente colocação de dificuldade no custo da folha salarial.

A última novidade é a possibilidade de aprovação, pelo Supremo Tribunal Federal, do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço trabalhado na mesma empresa. No setor industrial, o governo nada faz para evitar a desindustrialização, e o setor têxtil é, atualmente, o que mais vem sofrendo, com muitas empresas optando ou por importar produto da China ou lá se estabelecer. Portanto, o que hoje é motivo de euforia para os governantes e sindicatos dos trabalhadores, devido aos baixos índices de desemprego, poderá vir a ser um grande fator para inflações altas e queda no emprego, em virtude da volta da indexação de preços e transferência de plantas de produção para outros países.

E não podemos esquecer o perigo da perda do poder aquisitivo. Hoje os empregados tiveram uma grande vantagem com a estabilização econômica, mas, com recrudescimento da inflação, essa vantagem poderá desaparecer, pois existe um limite para a queda do desemprego, a partir do qual as consequências negativas superam as positivas. Ótimo para trabalhadores, difícil para empresas quando elas começam a ter que contratar por salários cada vez mais altos empregados pouco qualificados e ineficientes.