"Existem muitas teorias para explicar a inflação e identificar os instrumentos para controlá-la. A inflação pode ser classificada por suas causas, como, por exemplo, os excessos da política salarial, da expansão do crédito, do desequilíbrio fiscal ou do balanço de pagamentos. Também pode ser identificada por um excesso de demanda ou por uma insuficiência da oferta.
Variam, pois, as explicações para as origens da inflação, desde as propostas nas equações de Fischer e de Marshall, enfatizadas por Milton Friedman, que considerou a inflação um problema puramente monetário, até a equação de Keynes, mais completa e global, a chamada equação da renda, que coloca de um lado o potencial dos meios de produção de bens e serviços (PIB) e, de outro lado, a chamada demanda agregada, traduzindo a propensão a consumir e a investir, os gastos do governo e o saldo líquido da balança comercial (CIF), incluindo exportações, importações e serviços correlatos.
Existem outras explicações, geralmente de cunho social, como é o caso da teoria estruturalista da CEPAL que, resumidamente, responsabiliza a urbanização e a falta de industrialização pela alta de preços, na medida em que se transfere trabalhadores rurais para os centros urbanos, aumentando o consumo, sem um correspondente aumento na oferta de alimentos.
Paralelamente, temos uma teoria social da inflação, que atribui sua origem à disputa no processo de distribuição de rendas, entre trabalhadores (salários), empresários (lucros) e governo (tributos) que empurra os preços para cima. Se, de um lado, existem tantas explicações para a inflação, do lado da política monetária há uma nítida inclinação para considerar que o instrumento mais eficaz no controle da inflação é a taxa de juros. Através da lei da oferta e procura, coloca-se a taxa de juros no centro do sistema econômico, como a variável que comanda o comportamento de todas as outras variáveis, consumo, investimento, orçamento fiscal e taxa de câmbio.
O raciocínio da teoria clássica dos juros pode ser assim resumido: quando, diante de uma expectativa de alta de preços (inflação), se eleva a taxa de juros, o resultado imediato é a redução da procura de crédito para consumo e investimentos do setor privado. Ademais, diante da possibilidade de aumento dos ganhos com aplicações financeiras (juros mais altos), cai o consumo e eleva-se a poupança, assim como são adiados os planos empresariais de novos investimentos.
O Governo, por sua vez, aumentando os custos da dívida pública, tenderá a reduzir seus gastos orçamentários de custeio e investimentos. Dentro desse quadro complexo, de interação da oferta e procura de bens e serviços, coloca-se a política monetária, de responsabilidade do Banco Central, que atua em duas dimensões, frente a uma situação de nítida pressão inflacionária: eleva a taxa de redescontos, isto é, a taxa de juros que dá acesso aos bancos aos recursos das autoridades monetárias, reduzindo a liquidez monetária do sistema econômico ou realiza a venda de títulos públicos (open market), reduzindo as disponibilidades creditícias para consumo e investimentos e provoca um redirecionamento na carteira de ativos dos agentes econômicos (pessoas físicas ou jurídicas) que, diante de uma elevação dos juros, optariam por aumentar suas aplicações em títulos de renda fixa ou variável ou na compra de moeda estrangeira, reduzindo sua liquidez monetária"<